
Não sabia, ao certo por que, conferiu os papeis que lotavam a mala, o travesseiro trazido para garantir um sono tranqüilo, olhou para ela pela última vez, fechou o zíper e se foi assustado com tudo que havia acontecido. Nunca se sentira assim, tomado completamente.
Perdera o raciocínio, as rédeas de sua vida. Um turbilhão de emoções o atormentava.
Como não conhecia o amor, apavorou-se. Que estranha emoção sentia, pela primeira vez em sua vida largara tudo. Seu trabalho, sua família, sua rotina, seus amigos.
Até então sempre soube o que fazer, como fazer e quando fazer.
Não conseguia mais.
Por uma voz, depois um bom papo, conversas longas, amaram-se por telefone. Uma, duas, três, mil vezes.
O primeiro olhar, no aeroporto, trocado entre tantos outros olhares e sabiam quem eram.
Foi neste momento que ele percebeu o quanto precisava dela. Todos os cinco sentidos levados ao extremo.
Viagens esporádicas.
Paixão intensa.
Ela entregou-se totalmente, de corpo e alma.
Riram juntos, trocaram bilhetes por malote.
Bilhetes e cartas não podem ser deletados.
Ninguém consegue rasgar uma prova de amor. E ela não rasgou.
Hoje ainda lê cada um deles, cada carta.
Ela tem a certeza do amor, afinal não nascem crianças lindas e perfeitas de uma relação vazia.
E ele?
Continua com medo do amor verdadeiro.
4 comentários:
Aiiiiiiiiiiiiii Suzana...
E como tem disso... Medo de amar e se deixar amar. Medo de se deixar ser feliz. Enfim, medo de viver... Já desisti de tentar entender isso...
Beijos
Eu também! kkk
Suzana, como isso é frequenne, sobretudo nestes temposs! :)
Excelente ideia. Bem desenvolvida.
bjs
Suzana, sao mil as histórias de amor ao medo, narrativas paralizantes em contos sem fim.
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