sábado, 30 de maio de 2009

O Baú



Rosinha guardava tudo que via.
Guardara uma flor que achou bonita.
Guardara uma lasquinha de osso do buraco que fez no quintal.
Guardara um restinho de bala que ganhou do Tunico.
Guardara um lenço que secou suas primeiras lágrimas de amor não correspondido.
Guardara um vestido de casamento que nunca usou.
Guardara um comportamento de criança.
Guardara um jeito meio que sem graça de falar, talvez por excesso de timidez.
Guardara o rádio quebrado, as pilhas usadas.
Guardara o chinelo sem tiras e toalha rasgada.
Rosinha guardava tudo que sentia.
Guardara a "réiva" da "fessora" que a deixou de castigo.
Guardara amor pelo Tunico e "réiva" da Tereza.
Guardava um espacinho no estômago, só pra comer goiaba do pé.
Guardara a sensação de calor do sol no seu corpo.
Guardara o calafrio que sentiu quando o Tunico a beijou.
Guardara a tristeza do adeus de Tunico.
Guardara a dor de ver Tereza com ele.
Guardara a mágoa de estar só.
Rosinha guardava tudo que guardara.

Êta mania besta , meu Deus !

2 comentários:

Anne M. Moor disse...

Há que se abrir os braços e deixar as coisas seguirem seu caminho... Tão difícil as vezes!!!

Beijão

Suzana disse...

Se é!
Mas já vi pesoas viverem de baú e não era o Silvio Santos!heheh
bjs